Quando estamos passando por fases com problemas e conflitos, muitas vezes caímos na armadilha que também podemos chamar de “fusão cognitiva” – achar que a vida é “aquela” dificuldade – ou então olhar apenas a partir daquele prisma. Com isso, pensamentos, emoções, sensações e sentimentos passam a girar apenas em torno do problema, desfocando de todo o restante das coisas que acontecem consecutivamente.

O fato é que uma vida isenta de problemas, conflitos e dificuldades é uma utopia, mas pode-se aprender a vivê-la com mais sentido, não negando ou fugindo do que está sentido e acontecendo, e sim dando espaço para o que realmente é importante e valoroso naquele momento.

Vamos imaginar um jardim... Se o jardineiro focar apenas em eliminar as ervas daninhas, talvez passe boa parte do seu tempo deixando de fazer o que é essencial: regar, adubar e podar as plantas.

Portanto, não se trata de fingir que as ervas daninhas não existem, e muito menos de deixá-las dominar o terreno, mas de não esquecer que o foco do jardim não são elas – elas são apenas partes indesejadas, mas existentes, e tentar controlá-las rigorosamente pode tirar o foco do cuidado com o que realmente importa: as flores.

Na vida não é diferente: as “ervas daninhas” sempre existirão, porém se a atenção for apenas e a partir delas, seja na intenção de resolver tudo ou de fugir do que está acontecendo, é muito provável que sejam deixadas de lado vivências importantes, que podem ser cultivadas, apesar das “ervas daninhas” que fazem parte da vida.

Que tal experimentar viver com os eventos desconfortáveis, e não a partir do desconforto?

* texto de Vanessa Colombo, psicóloga, residente em Xanxerê (SC)