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Diário da Pandemia – 33º dia de confinamento:

Abril 20, 2020
Imaginem um dia terrível multiplicado por dez: assim foi o de hoje. A madrugada já dava sinais do que seria o restante das horas. Primeiro, leves pontadas na cabeça, e remédio pra dor de cabeça providenciado. Tempo depois, remédio para o fígado. Tudo em vão...
 
Assim, pela manhã, a enxaqueca já havia ocupado seu lugar e mostrado com qual força havia vindo. Não adiantava mudar de posição na cama; colocar mais travesseiros; deitar de um lado ou de outro. Outro remédio foi tentado, novamente sem sucesso...
 
Ao meio-dia, a dor atingiu seu auge, e resolvi procurar ajuda no hospital. Sei bem quando não tenho mais condições de lutar contra um mal que se tornou gigantesco e preciso da ajuda de alguém. Pois bem, lá, orientaram-me a procurar um posto de saúde, pois tudo estava direcionado para atendimentos somente de complexidade ou em função do Coronavírus.
 
Cheguei ao posto de saúde indicado. Algumas pessoas já aguardavam atendimento. Logo, uma enfermeira perguntou do que eu precisava. Problema explicado, pediu para eu aguardar consulta médica.
 
Dor quase cegando, mas não tive outra opção. Aos poucos, mais pessoas chegavam, cada um com seu problema, sua dor. Considero que, mesmo com essa grande confluência de pessoas, as enfermeiras procuravam fazer seu trabalho da melhor forma possível.
 
Finalmente chegou minha hora. Inclusive, agradeci ao senhor que havia chegado antes de mim e cedeu o lugar por me achar em “piores condições”. A médica foi muito atenciosa e logo me encaminhou para uma pequena sala, a fim de receber o medicamento na veia. Por sua vez, a enfermeira também me atendeu com uma gentileza ímpar. Nessa hora, pensei em quantas vezes atendi mal aos clientes do banco ou aos meus alunos da vida... E não estava em uma situação de tensão como a que passam os profissionais da saúde neste momento crítico...
 
Final das contas, em um período de pouco mais de duas horas, eu estava “curado” – mas não pronto para outra! No período em que estive no posto, devem ter passado em torno de umas 40 pessoas por lá. Todas muito bem atendidas, diga-se de passagem. Reitero: mesmo neste período crítico de pandemia, esses profissionais, pela sua dedicação a quem precisa deles, merecem nossos aplausos e louvor.
 
Reflito sobre isso estando agora no conforto de minha casa. Não procurei ajuda estando em uma situação tão crítica – vítima de acidente automobilístico ou de outra natureza, por exemplo –, mas fui atendido com um senso de humanidade que me surpreendeu. Afinal, a dita enxaqueca não é perceptível como um machucado no corpo, caso de uma senhorinha que lá esteve em virtude de um acidente doméstico. Então, tenhamos também paciência e respeito com essa classe abnegada que está na linha de frente no combate ao vírus; afinal, mais do que nunca, eles precisam de nosso apoio e compreensão.
 
Boa noite a todos!
 

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