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Diário da Pandemia – 90º dia de confinamento:

Junho 16, 2020
Dia excelente o de hoje, pelo menos em termos climáticos: quente, mas não aquela “quentura” do verão, e sim um “meio-termo” proporcionado pelo Outono. Queria eu que os demais dias fossem assim. Recordo, então, que sou avesso à chuva e “congêneres” – frio, neblina, garoa...
 
Completamos 90 dias de “confinamento” e 86 edições ininterruptas do Diário. Pensava eu que, com nove ou dez dias, ele morreria “na casca”, porém, suplantando todas as minhas expectativas, continua “firme e forte” (até quando, não sei...).
 
Para “comemorar” a data, pensei em escrever sobre a “arte de escrever”. Sim, pois a escrita, bem ou mal feita, não deixa de ser uma arte – para alguns, prazerosa; para outros, dificultosa. Pois bem, pelo “bem ou pelo mal”, nossa característica humana praticamente nos obriga à comunicação, alguns com o dom da oratória, outros com a colocação “mais ou menos” precisa de palavras num papel.
 
O que me levou a tratar disso foi ter lido hoje uma breve entrevista do mestre Luis Fernando Verissimo – em minha modesta opinião, o maior escritor vivo da Língua Portuguesa. Em uma de suas respostas, ele afirmou, mui sabiamente: “A primeira obrigação do cronista é proporcionar uma leitura agradável ao leitor. A segunda [...] é agradar a si mesmo, e a terceira é ser fiel às suas convicções”.
 
Permitam-me discordar um pouco dele: escrevo, primeiro, para me agradar; depois, preocupo-me com a fidelidade de minhas convicções; por fim, desejo proporcionar uma leitura agradável. Um pouco de egoísmo nisso? Pode ser, mas, diferente dele (na altura de seus bem vividos 83 anos), meus textos só “vertem” por eu querer satisfazer, inicialmente, meu “ego letrado”...
 
Quem me dera, porém, ter 10% da verve criativa do fenomenal Verissimo – trilharia, então, outros “mares” que me possibilitassem um rendimento financeiro melhor e uma vida mais satisfatória. Para encerrar, que, logo mais, outras incumbências escolares me esperam, sugiro a leitura dos livros do Luis, todos fantasticamente escritos.
 
Noventa dias pedem uma boa sugestão literária: “Os cem melhores contos brasileiros do século” (Ítalo Moriconi). Nesta antologia, são apresentados os cem melhores textos do gênero produzidos no Brasil ao longo do século 20. Tive a oportunidade de ler no período em que fazia minha dissertação.
 
Boa noite a todos!
 

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