Estamos passando, infelizmente, por um momento muito difícil e especial nas nossas vidas – a pandemia do Coronavírus, que mudou tudo da noite para o dia. Por outro lado, também, de alguma forma, nos ajudou, a todos, a descobrir coisas especiais que eram deixadas de lado por absoluta falta de tempo.

Eu vivo na Grécia há 34 anos, sem, bem dizer, nunca ter curtido minha casa no Verão, pois, exercendo atividade profissional no turismo, isso é bem complicado – para se ter uma ideia, trabalhamos de abril a outubro, do meio-dia até a meia noite, no mínimo, e, assim, estamos o dia todo fora de casa. No ano passado, porém, trabalhamos de julho a setembro e, com isso, vivemos uma nova experiência. É por isso que digo que tudo na vida tem seu lado negativo e positivo.

Acho que, depois de tantos anos aqui, já sou mais grega do que brasileira. Na verdade, a gente nunca esquece a pátria amada, e as raízes ficam sempre onde está a família. Porém, quando, depois de tantos anos, formamos uma nova família nessa nova pátria, a gente já fica dividido.

A Grécia é um pequeno país muito iluminado pelo Sol – que brilha, aqui, mais de nove meses por ano – e também por sua bonita história. Creta, onde vivo, é muito interessante – uma pequena ilha na qual você pode ter e ver quase tudo: montanhas (com neve ou secas como o deserto), mar cristalino, muito calor e muito frio. Há vilarejos esquecidos no tempo, mas o que sempre gostei é a simplicidade da vida: quanto mais simples e natural, mais é valorizado aqui.

Nosso divertimento envolve um bom vinho com amigos, numa taverna. Já um passeio pelas vilas, num domingo, não tem preço. A pandemia, por enquanto, tem estragado tudo isso, mas a esperança é que vai acabar em breve e, então, poderemos voltar a viver como antes, livres e leves!

* texto de autoria de Cristina Sandini, proprietária de restaurante em Chania (Grécia)